Limitação de Internet Impacta Moçambique em Meio a Tensão Eleitoral

Na tarde de 25 de outubro de 2024, Moçambique testemunhou uma queda generalizada de acesso à Internet, afetando usuários de norte a sul do país. O fenômeno, que inicialmente foi percebido como uma falha técnica, logo se revelou uma medida intencional, confirmada pela MISA Moçambique, uma organização que atua na defesa da liberdade de imprensa e expressão no país.

A MISA emitiu um comunicado no mesmo dia, apontando para uma prática conhecida como Bandwidth Throttling, ou limitação intencional da largura de banda, realizada pelos principais serviços de Internet móvel. A análise da MISA, em colaboração com a ferramenta IODA (Internet Outage Detection and Analysis), revelou que a velocidade da Internet foi drasticamente reduzida, impactando o acesso a informações e serviços de comunicação em um período de alta tensão, no qual a população aguarda o desfecho das eleições.

Esse corte de Internet é interpretado por especialistas e defensores de direitos como uma tentativa de controlar o fluxo de informações em um momento em que protestos e manifestações têm ganhado força. Em várias regiões do país, cidadãos relataram dificuldades em acessar redes sociais e plataformas de mensagens, ferramentas essenciais para comunicação e mobilização social.

O bloqueio à Internet afeta não apenas a liberdade de expressão, mas também o cotidiano de milhares de moçambicanos, que dependem de serviços online para trabalho, educação e outras atividades. A medida gerou revolta entre cidadãos e organizações de direitos humanos, que acusam o governo de tentar silenciar a população e reprimir o acesso à informação. A MISA classificou essa ação como uma violação dos direitos de liberdade de expressão e de imprensa, reforçando a necessidade de garantir o direito da população ao livre acesso à Internet, principalmente em tempos de crise política.

Este episódio reitera o papel da Internet como um direito essencial e a urgência de uma regulação que proteja o seu uso sem interferências arbitrárias. A limitação de acesso a informações e comunicações digitais representa um retrocesso para a democracia e para os direitos civis, num momento em que o país precisa de transparência e confiança nas instituições.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *